O Projecto " Arte Nossa" nasce pela necessidade de atribuir um novo ênfase às questões dos ofícios tradicionais de Castelo de Vide, uma vez que enfrentam o risco de desaparecer por completo, perdendo-se, assim, parte da memória colectiva de Castelo de Vide e, consequentemente, da sua autenticidade.É neste sentido que pretendemos não somente apresentar alguns destes ofícios, como também debatê-los num contexto teórico e numa perspectiva futura.Assim, o projecto incidirá em dois aspectos distintos mas que se complementam: por um lado a mostra de ofícios que será apresentada em pontos específicos da vila que o visitante percorrerá; por outro lado, um debate sobre a importância dos ofícios enquanto manifestações da identidade e autenticidade de Castelo de Vide, bem como promotores de desenvolvimento local.


Animação Sociocultural e o Desenvolvimento Local

Ao pensarmos em animação sociocultural, e em especial na animação comunitária, rapidamente, nos remete para desenvolvimento local e regional. Estes dois conceitos têm uma relação próxima e recíproca, pois enquanto a animação tem como objectivo o desenvolvimento local e regional esta é também um instrumento do mesmo.
A Animação Sociocultural é promotora de desenvolvimento, sobretudo no plano da intervenção comunitária; é um agente, um método, um instrumento de potenciação dos recursos endógenos actuando a vários níveis, social, cultural e educativo. Quando nos referimos à animação sociocultural referimo-nos a um processo, não podendo considerá-la como um conjunto de actividades isoladas, mas antes como uma forma concertada, planeada, justificada e claro, que se prolonga no tempo. De facto, a animação sociocultural trabalha com pessoas fazendo da sua intervenção, primeiramente uma aproximação entre o animador e a comunidade, que se traduzirá na cada vez mais estreita relação das pessoas enquanto grupo.
A animação sociocultural deve ser entendida enquanto um projecto, um programa com acções, com objectivos, com uma metodologia pensada e preparada, mas deve saber ajustar-se e estar de acordo com a realidade. A animação sociocultural nunca pode demitir-se da sua função social ela deve ser um motor que gera que faz agir… deve sempre haver espaço e capacitar as pessoas para que tenham iniciativas e que as concretizem. Esta deve promover sempre actividades que envolva agentes e destinatários numa perspectiva conjunta de envolvimento.
Assim, o animador deve ser um mediador social atento e critico capaz de intervir para mudar sabendo integrara-se, sempre a realidade de um perspectiva critica e sendo profundo conhecedor do que o envolve.
Quando falamos em desenvolvimento local e regional e o papel que a animação aqui desempenha é fundamental falarmos no binómio território e cultura que caracteriza o objecto da animação que se traduz nas suas formas de intervenção. De facto, é essencial que se deixe de pensar numa hegemonia cultural quando ela na realidade não existe. (Bento Avelino, 2003).
Cada vez mais, torna-se evidente a diversidade cultural quer de país para país, quer dentro dos territórios nacionais assim, é crucial que se preserve as especificidades locais e regionais
De facto, a animação tem aqui um papel fundamental na preservação por uma lado das culturas locais abrindo-as para o exterior, dando-se a conhecer e conhecendo-se, pois a identidade é sempre construída na relação com o outro, e possibilitando assim o enriquecimento da comunidade.
Nesta perspectiva a animação, pelas suas características, tem um papel preponderante no desenvolvimento local e regional no que concerne à sua capacidade motivadora e agregadora.
Um desenvolvimento local e regional sustentável passa invariavelmente por um aproveitamento responsável dos recursos endógenos que é já uma característica da animação e da sua metodologia.
É neste sentido que o artesanato se destaca como um dos elementos a potenciar nesta demanda conjunta entre animação e o desenvolvimento local e regional (causa efeito da animação). Assim, a promoção, a valorização e a revitalização das artes e ofícios tradicionais enquanto objecto de estudo da animação podem ser um dos caminho as a seguir para a potenciação do desenvolvimento local e regional. Neste sentido, a animação deve criar condições para a sua promoção, inovação, na formalização das novas políticas envolvendo a comunidade e empenhando-a na preservação do que constitui a sua herança cultura. Exige-se que o artesanato se valorize a ele próprio, que se formem novos artesãos capazes de adquirir conhecimentos para transmitir aquilo que é típico na sua região.

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