O Projecto " Arte Nossa" nasce pela necessidade de atribuir um novo ênfase às questões dos ofícios tradicionais de Castelo de Vide, uma vez que enfrentam o risco de desaparecer por completo, perdendo-se, assim, parte da memória colectiva de Castelo de Vide e, consequentemente, da sua autenticidade.É neste sentido que pretendemos não somente apresentar alguns destes ofícios, como também debatê-los num contexto teórico e numa perspectiva futura.Assim, o projecto incidirá em dois aspectos distintos mas que se complementam: por um lado a mostra de ofícios que será apresentada em pontos específicos da vila que o visitante percorrerá; por outro lado, um debate sobre a importância dos ofícios enquanto manifestações da identidade e autenticidade de Castelo de Vide, bem como promotores de desenvolvimento local.


Arte do Tipógrafo

É no Largo João Le Cocq em Castelo de Vide, que encontramos a antiga tipografia, herança deixada pela ilustre família Le Cocq.
Ao entrar na envelhecida tipografia cinzenta, onde perdura um cheiro a tinta e papel, encontramos o Sr. Manuel Silva, que recorda que a última impressão tipográfica em Castelo de Vide foi à cerca de 10 anos, tendo, ele mesmo, participado no processo de impressão tipográfica, do Jornal Local “Castelo Vidense”.
De facto, os novos processos de mecanização e de edição de texto acabaram por seduzir o Sr. Silva, que conhecendo a complexa técnica tipográfica, a troca pelos facilitismos oferecidos pelas novas tecnologias. Aprendeu o ofício com o seu irmão que o desenvolveu com mestria durante 40 anos.
Compreensivelmente, como nos conta o Sr. Manuel, as exigências de um mercado em constante competitividade, impôs a necessidade de dar respostas cada vez mais ajustadas à época, sendo, neste mesmo sentido, orientado pelo processo informático que desenvolve o seu trabalho..
Com efeito, entende-se por tipografia a arte de compor e imprimir com caracteres e, clichés em relevo. Na verdade, a tipografia engloba uma série completa de operações relativas ao fabrico e ao emprego de caracteres. A sua invenção é atribuída a Joannes Gutenberg, que terá efectuado as suas primeiras experiências cerca de 1440, e cuja principal inovação consistiu na criação de moldes manuais para fundir os caracteres soltos.
A impressão tipográfica assume-se, portanto, como um complexo e trabalhoso método de impressão. Efectivamente, para a elaboração de uma página de jornal é necessário definir, sempre manualmente, a espaço entre as letras e as linhas, bem como o tamanho dos próprios tipos. Utilizava-se igualmente as zincogravuras, que representavam desenhos, simples formas geométricas, que funcionam como logótipos. Por outro lado, as páginas dos jornais eram compostas em tabuleiros armados, que por vezes chegavam a pesar 40 kg, e que demora cerca de 20/30 minutos a organizar, por aqueles que dominam a arte de imortalizar nas brancas folhas a tinta indelével que imprime no tempo as memórias passadas.


1 comentário:

REDACÇÃO disse...

É pena que existam tantas incorrecções que podiam ser evitadas. Bastava terem contactado com alguém que soubesse...como souberam (e muito bem) fazer com o Mamede Pedrico...
Por exemplo a Tipografia CAstelovidense não se ficou a dever à família le Coq que viveu naquele largo e naquela casa (hoje da Misericórdia) mas sim à família Rabaça (Júlio José Rabaça e seu filho Rui Fernando Beliz Rabaça).
Por outro lado, o jornal "O Castelovidense" acabou há muito mais de 10 anos, na década de 50! Depois houve outros jornais também ali impressos de que avulta o "Terra Alta" dos anos 60 até depois do 25 de Abril...

Alexandre Cordeiro
Director
Notícias de Castelo de Vide